EXPRESSO DA ESCURIDÃO
Pedro, do caderno Vida&Arte,
está aprontando um puta livro sobre
os famigerados terminais de ônibus de
Fortaleza na parte da noite.
Coisa de louco.
Cotidiano, histórias engraçadas
e figuras lendárias...
Pense
**
Fui convidado pra escrever e ilustrar
uma crônica.
Primeira mão pra vocês:
.................................................................................
Coisas de terminal
Sou o tipo de pessoa que faz tudo pra passar
por um terminal de ônibus.
Dou maior valor quando o cambão vai entrando e,
de relance, você observa a multidão de formigas de
roça caminhando pra tudo que é direção.
Alguns se batendo, outros rindo da putaria,
alguns assoprando,todos pensando no que fazer
da vida e eu mais uma vez perdendo a maldita
condução por causa de um milésimo de segundo.
Existe coisa mais foda do que ficar olhando seu ônibus
saindo do terminal bem devagarinho como se tivesse
olhando pra você e falando:
— Se fudeu, mané! Outro só daqui a meia hora,
20 minutos, 15 ou de acordo com a boa vontade
do dirigidor...?! ká, ká, ká...
Ok! Sem galho!
Ficarei aqui de bobeira esperando alguma inspiração
chegar, assim como quem não quer nada...
escorado na bendita laje cheia de chiclete grudado
e recados como "Solange galinha, cê ainda vai pagar caro".
De todos os terminais, o que mais frequento é o do Papicú!
Pertinho de casa e com setas apontando pra tudo que é
buraco dessa cidade.
Terminal do Papicú.
Lindo de morrer e ao mesmo tempo
cavernoso, trash, suicida.
- Que nem as coisas saborosas e explosivas que
existem nas suas lanchonetes.
- Quem nem a mente daquele executivo cabeça
de porco que tá com o carro na oficina. Se cagando
de medo por enfrentar o "amaldiçoado" terminal
se quiser ir pro escritório.
- Que nem as barriguinhas das ninfetinhas
(Yés! Regional 6 tem ninfetinhas!) que vão e vêm da
fila do Caça&Pesca, como se aquilo fosse uma disputa
pra ver quem me perturba mais o juízo.
E de noite?
Não vai ser a azia, o cansaço e a boca seca de tanto tomar
cachaça pelos inferninhos que vai me mudar de opinião
em dizer que o Terminal do Papicú de noite é a
8º maravilha de Fortaleza.
Aliás, Se é que Fortaleza tem alguma maravilha...
Mas bom,
Neguinho voltava dos festivais na Praia
de Iracema (coisa de 1995,96 ) e emburacava no quartel general
afim de penar por um milagroso ônibus Corujão pra ir
bonitinho pra casa.
Ruim hein?
O primeiro que chegava sempre era com a saída do
bondoso sol, pra felicidade da galera.
Isso, felicidade!
- Quantos caldos de ovo com soja não inteiramos com as
derradeiras moedas que nos sobravam?
- Quantos cagaços não levei do guardinha xarope
(metido a gostosão das cocotas) por cochilar teimosamente
nos bancos imundos?
- Jogar porrinha com pedaços de canudo?
- Peidar na boca pra atiçar as piriguetes que também
estavam voltando dos forrós, mazeladas que nem a gente?
- Lavar a cabeça na torneira escondido do zelador pau nas beiras?
Bom demais...
Duas estórias hilárias marcam minha vida de
muito amor e nada de ódio no Terminal do Papicú.
1) Uma vez,
a gente retornava de um show na Barraca Biruta
(não sei se Charlie Brown jr. ou Planet Hemp) e, daí, estava
aquela muvuca de gente na porta do meio.
Espremida esperando desembarcar.
Peso monstro. Ruma de cão. Baderna pra mais de metro.
Mal a porteira abre cai coisa de vinte jumento
ainda segurando o ferro na mão.
Só a montanha de bosta.
2)Na outra,
dezenas de policiais invadem o local às 3 da madruga
atrás de meio litro de cana que algum gaiato colocou
pra dentro. Ele seria pra gente se esquentar da chuva
braba que chibatiava sem perdão.
Pra cima de Tieta?
Escondemos na sacola de palha de uma cigana
sem que ela percebesse.
Zup!
Na hora de pegar de volta, não deu outra:
— Água que passarinho não bebe?!
Opa, tragam um copo aqui pra mim senão eu não
reparto com ninguém.
Melhor,
a velhinha ainda curtia Led Zeppelin,
sacava Rage Against the Machine e (segundo ela)
já havia pegado na mão da Janis Joplin.
Tá.
Coisas de terminais de ônibus...
.......................................................................................
Pedro, do caderno Vida&Arte,
está aprontando um puta livro sobre
os famigerados terminais de ônibus de
Fortaleza na parte da noite.
Coisa de louco.
Cotidiano, histórias engraçadas
e figuras lendárias...
Pense
**
Fui convidado pra escrever e ilustrar
uma crônica.
Primeira mão pra vocês:
.................................................................................
Coisas de terminal
Sou o tipo de pessoa que faz tudo pra passar
por um terminal de ônibus.
Dou maior valor quando o cambão vai entrando e,
de relance, você observa a multidão de formigas de
roça caminhando pra tudo que é direção.
Alguns se batendo, outros rindo da putaria,
alguns assoprando,todos pensando no que fazer
da vida e eu mais uma vez perdendo a maldita
condução por causa de um milésimo de segundo.
Existe coisa mais foda do que ficar olhando seu ônibus
saindo do terminal bem devagarinho como se tivesse
olhando pra você e falando:
— Se fudeu, mané! Outro só daqui a meia hora,
20 minutos, 15 ou de acordo com a boa vontade
do dirigidor...?! ká, ká, ká...
Ok! Sem galho!
Ficarei aqui de bobeira esperando alguma inspiração
chegar, assim como quem não quer nada...
escorado na bendita laje cheia de chiclete grudado
e recados como "Solange galinha, cê ainda vai pagar caro".
De todos os terminais, o que mais frequento é o do Papicú!
Pertinho de casa e com setas apontando pra tudo que é
buraco dessa cidade.
Terminal do Papicú.
Lindo de morrer e ao mesmo tempo
cavernoso, trash, suicida.
- Que nem as coisas saborosas e explosivas que
existem nas suas lanchonetes.
- Quem nem a mente daquele executivo cabeça
de porco que tá com o carro na oficina. Se cagando
de medo por enfrentar o "amaldiçoado" terminal
se quiser ir pro escritório.
- Que nem as barriguinhas das ninfetinhas
(Yés! Regional 6 tem ninfetinhas!) que vão e vêm da
fila do Caça&Pesca, como se aquilo fosse uma disputa
pra ver quem me perturba mais o juízo.
E de noite?
Não vai ser a azia, o cansaço e a boca seca de tanto tomar
cachaça pelos inferninhos que vai me mudar de opinião
em dizer que o Terminal do Papicú de noite é a
8º maravilha de Fortaleza.
Aliás, Se é que Fortaleza tem alguma maravilha...
Mas bom,
Neguinho voltava dos festivais na Praia
de Iracema (coisa de 1995,96 ) e emburacava no quartel general
afim de penar por um milagroso ônibus Corujão pra ir
bonitinho pra casa.
Ruim hein?
O primeiro que chegava sempre era com a saída do
bondoso sol, pra felicidade da galera.
Isso, felicidade!
- Quantos caldos de ovo com soja não inteiramos com as
derradeiras moedas que nos sobravam?
- Quantos cagaços não levei do guardinha xarope
(metido a gostosão das cocotas) por cochilar teimosamente
nos bancos imundos?
- Jogar porrinha com pedaços de canudo?
- Peidar na boca pra atiçar as piriguetes que também
estavam voltando dos forrós, mazeladas que nem a gente?
- Lavar a cabeça na torneira escondido do zelador pau nas beiras?
Bom demais...
Duas estórias hilárias marcam minha vida de
muito amor e nada de ódio no Terminal do Papicú.
1) Uma vez,
a gente retornava de um show na Barraca Biruta
(não sei se Charlie Brown jr. ou Planet Hemp) e, daí, estava
aquela muvuca de gente na porta do meio.
Espremida esperando desembarcar.
Peso monstro. Ruma de cão. Baderna pra mais de metro.
Mal a porteira abre cai coisa de vinte jumento
ainda segurando o ferro na mão.
Só a montanha de bosta.
2)Na outra,
dezenas de policiais invadem o local às 3 da madruga
atrás de meio litro de cana que algum gaiato colocou
pra dentro. Ele seria pra gente se esquentar da chuva
braba que chibatiava sem perdão.
Pra cima de Tieta?
Escondemos na sacola de palha de uma cigana
sem que ela percebesse.
Zup!
Na hora de pegar de volta, não deu outra:
— Água que passarinho não bebe?!
Opa, tragam um copo aqui pra mim senão eu não
reparto com ninguém.
Melhor,
a velhinha ainda curtia Led Zeppelin,
sacava Rage Against the Machine e (segundo ela)
já havia pegado na mão da Janis Joplin.
Tá.
Coisas de terminais de ônibus...
.......................................................................................
foto: Marcos Campos
5 comentários:
hehehe... adorei essa tua crônica, realmente, terminal é muito massa! tem umas histórias q até Deus duvida!!
Má... essas tuas tirinhas são demais!! tem umas q eu só falto morrer de rir com elas... hehehe...
parabéns!
abraço!!
Você é muito bom!:)
eu a-do-ro andar de ônibus! :D
o meu agora pego no terminal, é cada bizarrice que acho é pouco..
Além disso, tenho um "imã" pra situações escrotas, bebados e tias querendo conversar, e terminal de ônibus (pelo menos o de campinas) é um lugar bem propício..
com todo respeito ao autor, não vi nenhuma crônica engraçada neste livro.
Guabiras, dá uma moral pro seu amigo cartunista aqui. Saiu uma matéria comigo no jornal O POVO de hoje, (29/01, terça) sobre o Henfil. Tem como tu me mandar uma cópia?
Rua Barão do Amazonas, 50/204, centro, Niterói - RJ.24030110
* um dia te pago uma cerva rsrs
Valeu, abraço!
Nico
http://blogdonico.zip.net
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